Especialistas rejeitam má fama da “superlua” deste sábado Imprimir

superluaTradicionalmente associado a tragédias e desastres naturais, o perigeu lunar é absolvido por astrônomos e astrólogos.

Sempre que uma tragédia das proporções da que atingiu o Japão acontece, com terremotos e tsunamis abalando todo o país, a lógica não dá conta de responder à angústia.

No próximo sábado, 19, vai ocorrer o fenômeno do perigeu lunar: uma lua cheia mais clara e brilhante, que ocorre porque o satélite estará no ponto de sua órbita mais próximo da Terra. Nos últimos dias, notícias sobre "a maior lua cheia dos últimos 20 anos" têm sido publicadas e, principalmente, enviadas pela internet. A história, no entanto, é pouco mais do que uma corrente de boatos, de acordo com especialistas ouvidos pelo iG.

Como a trajetória da lua ao redor da Terra é uma elipse, o perigeu lunar acontece mensalmente. A força gravitacional do sol deforma essa órbita, o que faz com que a lua se aproxime mais ou menos da Terra a cada vez. “A aproximação do dia 19 é grande, mas não a menor possível. Desde 1990 até 2008, já houve cinco perigeus maiores do que esse, e não aconteceu nada. E no terremoto do Haiti não teve aproximação lunar, por exemplo”, explica Irineu Gomes Varella, astrônomo da Escola de Astrofísica de São Paulo.

Durante o perigeu, o impacto na natureza é mínimo; a força das marés aumenta 4%. Se o tempo estiver aberto, é uma boa chance para aproveitar a lua cheia. “O aumento de brilho dessa lua cheia em relação a uma comum de 16%”, afirma o astrônomo. O melhor horário é quando a lua está nascendo, porque quando ela está no horizonte aparenta ser maior do que quando está a pino.

História: A má fama do perigeu lunar começou na década do 1970, quando o astrólogo americano Richard Nolle batizou o fenômeno de superlua e associou-o a tragédias. Um dos muitos exemplos que ele cita é o da superlua em fevereiro de 2011, em que houve um terremoto forte na Nova Zelândia, ou o furacão Katrina, que teria se originado a partir de uma depressão tropical formada três dias depois de uma superlua em 19 de Agosto. Segundo ele, são efeitos do “mundo sublunar”, ligado aos efeitos das superluas nas marés, na atmosfera e mesmo nas pessoas.

“De marés extremas a tempestades severas e terremotos poderosos e erupções vulcânicas, todo o mundo natural se eleva e se revolta sob o alinhamento da superlua”, afirma em seu site.

“A influência se estenderia de uma semana antes a uma semana depois do evento. A “janela de risco” que Nolle prevê vai de 16 a 22 março de 2011, com aumento na corrente no número de terremotos de magnitude 5 ou superior e atividade vulcânica. Nem astrônomos nem astrólogos, porém, concordam com a tese.

“Misturar astrologia e astronomia não dá certo. São maneiras muito diferentes de encarar as coisas”, esclarece a astróloga Mônica Horta, que não vê relação nenhuma entre o perigeu lunar e tragédias naturais. “Isso é questão para os astrônomos. Um astrólogo lida com a lua e com o sol como se fossem planetas. E prever esse tipo de manifestação, como um desastre natural, é impossível. Você lê um clima, mas não sabe se ele vai se manifestar na Terra, ou num acontecimento político, por exemplo”, diz a astróloga.

O astrólogo Ivan Freitas também desmente a relação entre a lua e os terremotos. “Se a cada perigeu lunar acontecesse uma catástrofe, estaríamos ferrados. É normal buscar justificativas para as tragédias, mas isso depõe contra a astrologia”, afirma. “É um fenômeno freqüente e não deve ser levando em consideração para a astrologia profissional”. Para quem gosta de observar o céu, a superlua deste sábado será apenas especialmente bonita.

Especial para o site IG - Delas